"Incêndio," de Clara Averbuck, integra o projeto Folhetim, um experimento literário criado pelo Sesc Pompeia durante a pandemia. A iniciativa convidou escritores e artistas de destaque a desenvolverem narrativas inéditas em seis capítulos, publicados semanalmente.​​​​​​​
“Incêndio," by Clara Averbuck, is part of the Folhetim project, a literary experiment created by Sesc Pompeia during the pandemic. The initiative invited prominent writers and artists to develop original narratives in six chapters, published weekly.
“Meu nome é Zelda. Alguns de vocês já devem ter ouvido falar de mim. Ou não, é claro. Porque, oficialmente, estou morta. Há anos. Muitos anos. Um trágico acidente envolvendo um incêndio. Depois falamos sobre isso; o que preciso contar aqui é uma história que talvez jamais devesse ser registrada. Consegui, afinal, manter este improvável segredo até meu leito de morte, minha verdadeira morte. Imagino que seja ela chegando agora, as mãos manchadas, os ossos e articulações já não reagindo como antes, as dores, a lentidão, a fraqueza. Mas a mente está intacta. As memórias também. Talvez sejam invenções. Já não faz mais diferença. Depois da morte, tudo é ficção.”​​​​​​​
“My name is Zelda. Some of you may have already heard of me. Or not, of course. Because, officially, I'm dead. Years ago. Many years. A tragic accident involving a fire. We talk about it later; What I need to tell here is a story that perhaps should never be recorded. I managed, after all, to keep this unlikely secret until my deathbed, my true death. I imagine it's her arriving now, her hands stained, her bones and joints no longer reacting as before, the pain, the slowness, the weakness. But her mind is intact. Memories too. Maybe they are inventions. It no longer makes a difference. After death, everything is fiction.”
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